Os militantes do PSB não chegaram cedo. E os que passaram a preencher o grande vazio do espaço 1 do Clube Social, por volta das 10h, não se animaram com o pedido dos locutores, que gritavam pelo nome de Wilson. Faixas, cartazes e banners dos principais candidatos, em conjunto com as fileiras de balões em amarelo e vermelho coloriam o palco e as laterais do Atlantic. Dois grandes telões fixados ao lado do palco principal, bem como réplicas de Lula, Dilma e Wilsão em tamanho natural chamaram a atenção pela criatividade. Tais recursos não foram encontrados nas outras duas convenções, do PSDB e do PTB.
Os militantes esperavam o governador Wilson Martins, que passou parte da manhã em reunião na sua residência com os principais nomes dos grandes partidos. Na pauta, a tentativa de convencer os petistas a aceitarem a coligação proporcional, a deputado federal, com os demais. Após horas de debate, o PT voltou atrás na decisão de marchar sozinho, o que deixou muitos membros descontentes.
PT SE ISOLA, DE VERDADE - Logo ao lado, em outro espaço, o vermelho do Partido dos Trabalhadores também dava o tom da militância. Todos à espera das principais figuras da sigla, como Wellington Dias e Antônio José Medeiros, candidatos ao Senado na chapa de Wilsão. Mas uma polêmica marcou os bastidores. É que os petistas insistiam em marchar sozinhos para a chapa proporcional. Gerou desconforto com os partidos aliados. Em especial com o PCdoB e o PMDB. Próximo do meio-dia, todos os espaços começaram a lotar. A expectativa da chegada do governador fez com que todos reagissem aos comandos dos animadores e jingles de campanha. A militância de outros partidos, como PCdoB e PRB, este comandado pelo Pastor Gessivaldo, também fizeram barulho após a homologação dos seus candidatos.
PMDB FEZ SUA FRACA CONVENÇÃO - Isolado em um dos auditórios do Atlantic City, o PMDB realizou sua convenção para homologar seus candidatos à eleição de 2010. Aclamado pela militância vinda de vários municípios do Estado, a convenção ocorreu de forma tranquila. Nem parecia o PMDB de outros tempos. Pelo contrário, tinha cara de partido pequeno. Não passou perto da grandeza e importância que sempre teve na história das eleições o partido que é considerado o 'maior do Brasil'. As principais lideranças do partido estiveram presentes, dentre elas, o presidente do partido Marcelo Castro e os deputados Warton Santos, que comandou a convenção, Kléber Eulálio, Themístocles Filho, a deputada Ana Paula, o pré-candidato Marllos Sampaio, o secretário municipal de governo João Henrique, vários prefeitos e lideranças do PMDB no interior. Detalhe: Warton era o animador! Os deputados considerados dissidentes João Madson e Mauro Tapety também estiveram na convenção, mas ficaram pouco tempo. Os presentes ouviram atentamente todos os candidatos. Em seus discursos, os pemedebistas ressaltavam sempre a parceria Lula-Wellington que segundo eles deu certo e que esperam continuar com Dilma e Wilson Martins.
PRIMEIROS DISCURSOS: VITÓRIA NO 1º TURNO - Antes dos discursos mais acalorados do dia, que foram os de W. Dias e W. Martins, outras lideranças falaram ao público. A esposa do chefe com executivo estadual, a deputada Lílian Martins, que disputa a reeleição, estava emocionada. Falou da importância de fazer parte da política e revelou que foi muito cobrada pelo fato de ser esposa de um governador. Citou o nome do filho que perdeu em um acidente de trânsito, Wilson Filho. “Meu filho está nas nuvens, feliz com essa vitória que se aproxima”, disse. Acreditando em uma vitória no 1º turno, os peemedebistas também se pronunciaram. Para o candidato a vice, o deputado estadual Moraes Filho, a eleição será ganha ainda no primeiro turno. “É quarenta neles”, gritou o número da legenda do PSB de Wilsão, ao final de sua fala. Em seguida, falou o deputado federal Marcelo Castro, que também acredita em uma vitória fácil. “Não quero menosprezar nossos adversários, mas com essa turma aqui não tem para ninguém”, declara. O presidente do diretório regional do PMDB disse que os mandatos de Wellington Dias e de Lula se comparam ao de Alberto Silva e Juscelino Kubitschek. Antônio José Medeiros preferiu parafrasear Luís de Camões, em sua maior obra, Os Lusíadas, na tentativa de diminuir o descontentamento de alguns militantes que preferiam o partido a marchar sozinho nas eleições. “Cesse toda divergência que existia porque uma causa mais honrosa nos desafia”, exclamou o candidato à senatória, se referindo à candidatura de Dilma.
W. DIAS E WILSÃO ALFINETAM ADVERSÁRIOS - Wellington Dias e Wilson Martins foram os últimos a se pronunciarem na convenção. Bastante aplaudidos, ambos citaram ações realizadas pelo Governo nos últimos sete anos, além de reagir a declarações de alguns oposicionistas. O petista insinuou que os adversários estariam em desespero. Depois citou como práticas comuns a estes perfis de gestores, a compra de votos e a calúnia. “Na política, uns apostam que é possível comprar a consciência dos outros e vão quebrar a cara. Há ainda aqueles que acreditam na mentira e na baixaria. Mal começaram as convenções e tem gente desesperada, mentindo, xingando. Por isso, nós só dizemos Deus te abençoe”, declarou. Segundo ele, Lula não tem dúvida de que seu candidato será aquele que o Partido dos Trabalhadores apoiar nestas eleições.
RECADO E REBATES DE WILSÃO PARA SILVIO E JVC - No início do seu discurso, Wilsão também citou Deus. Falou da carreira médica e política, além daquilo que considera avanços no Piauí. Criticou a postura da oposição: “E não adianta a oposição querer o quanto pior melhor”, dispara. Sobre as pesquisas de opinião, o governador relembrou que desde o começo, ele é o único candidato que tem crescido nos levantamentos. Um fato curioso chamou a atenção: enquanto Wilsão discursava, muitos petistas se retiraram do palco. Na ocasião, ele criticou os dois adversários diretos: Sílvio Mendes e João Vicente Claudino. A respeito do tucano, condenou a postura de apontar os principais erros da administração petista. “Não adianta querer só estudar e chegar em vários municípios e vir com retórica, conversa fiada, dizendo que vai fazer isso, ou aquilo que não foi feito. Não adianta porque nós já fizemos”. Sobre JVC, ele citou o polêmico cenário de apoio de Dilma à candidatura petebista no Estado. “Não adianta querer confundir e dizer assim: eu vou fazer a campanha de Dilma no Piauí. Não. Nós sim temos a cara de Dilma, a cara de Lula e a cara do PT”, rebate. Sob uma chuva de papel picado, a convenção finalizou com Wilson Martins gritando repetidamente a palavra “vitória” e abraçado aos amigos socialistas. Fonte: 180graus.brasilportais.com